quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Young Animal Lança Adaptação de Game para Mangás


Eu tenho uma opinião meio azeda a respeito de dating sims – os populares simuladores virtuais de namoro que existem às pencas no Japão. O fato de que efetivamente eles só pegaram de verdade na terra do sol nascente para mim sinaliza que os japoneses tem um grande problema nas mãos, e esse problema não é (apenas) cabelo. Em todo caso, esse segmento dos jogos japoneses rende bem e se espalha para diversas mídias, e o jogo Amagami, da Enterbrain, para o console Playstation 2, não é exceção. A versão em quadrinhos, de Tarô Shihonome, se chamará Amagami: Precious Diary e a traminha do jogo, que deve se refletir no material impresso, é o de praxe: você é um garoto (que para adicionar algum drama, tem um trauma qualquer do passado a superar) que tem que ganhar uma menina e escolher entre várias colegas de escola bonitinhas e com calcinhas a mostra por qualquer motivo. Agora a revista Young Animal, da Hakusensha, está lançando uma série baseada no jogo.

E sinceramente eu acho isso preocupante: a revista não tem recorte voltada ao fã hardcore – é o lar de Berserk, Futari H, Sangatsu no Lion e Amagamioutros. Como o público otaku (a.k.a. fã hardcore de anime e mangá, que vive e orbita em torno dele e consome material autofágico a respeito desse universo e seus clichês) é um público que apesar de tudo é um consumidor fiel, piscar um olho para atraí-los pode ser uma forma conveniente para uma editora manter um certo grau de estabilidade em suas vendagens. E depender da ala mais radical dos fãs ao invés de deixá-los em seu canto, com produtos dirigidos para ele e ninguém mais, é algo demoniacamente perigoso para um mercado. Os Estados Unidos já tiveram quadrinhos populares de verdade – e eles estavam nas tiras de jornais, não nos comic books – mas com a migração para o mercado direto, eles estão dominados por nerds gordos trancados em gibiterias discutindo a cueca do Lanterna Verde e similares – o meio está valorizado por conta do estabelecimento dos super-heróis como gênero cinematográfico de sucesso, mas só material de livraria, não de gibiteria, consegue reverter isso a seu favor por lá.

Quanto ao Japão, sinceramente: se essa crise demorar demais, as antologias a longo prazo podem virar poleiro de gueto enquanto os materiais populares migrarão para outros lugares – em um cenário de vendas menores. Afinal, já aconteceu antes em um país que um dia teve um mercado pujante e poderoso, e não foi nada bonito. E quanto a eventuais fãs de Dating Sims que reclamem do que estou falando...


me digam se isso não representa meramente a face mais extrema de um problema social maior, bem maior.

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